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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Saúde no Solo e Agroecologia Popular



Este é um texto que me veio em mente quando comecei a escrever uma Proposta de Vivência para UNIPOL. Espero que esteja de acordo com a luta de todos/as em se autoreconhecer parte deste Planeta Azul. Abraços. Oliver   

Universidade Popular Livre de Lins - UNIPOL

IV ENCONTRO DE EDUCAÇÃO POPULAR E TERAPIAS

17 e 18 de agosto de 2018

_Saúde no Solo e Agroecologia Popular_

“ ‘Suor do Sol’, perfume das Flores e o espírito do Primeiro Coração”



A Saúde do Solo é uma prioridade primeira irrefutável aos povos do mundo. Regenerar sua higidez, fertilidade, é um respeito universal para com a humanidade, seus semelhantes e Natureza – o espaço Terra. (BLANCO, 2017) 

Eh diá! Pois é, os seres humanos passam por uma crise espiritual e ética. Espiritual porque muitos se desgarraram da importância da Natureza em suas vidas cujo o cordão umbilical nunca deveria ter se rompido. Hoje em dia a Natureza ou a sua regeneração não pode ser pensada sem a Sociedade e a Sociedade não pode ser planejada sem a Natureza, assim como, ao bem, disse Vandana Shiva, “não é investimento se destrói a vida no Planeta”.

“A agricultura é a arte de obter alimentos, exergia para a sobrevivência, mas não existe o espaço de agricultura na natureza. A natureza é o resultado das transformações do Carbono sob as forças fundamentais, que no tempo cíclico regula a vida. A agricultura é um tempo reversível criado pela necessidade do seleto grupo dos seres ‘ultrassociais’.” (PINHEIRO, 2015)

Para entendermos a crise ética devemos atentarmos para as relações de Mercado e Natureza. Para a sociedade industrial, mesmo ciente que a Revolução Agrícola, antecede a Revolução Industrial, a natureza é o mercado. Roubar seus segredos, explorar seus recursos naturais, é proteger ganhos, patentes, lucros e a tal riqueza crematística. Esse tipo de pensamento antropocêntrico dificulta o entendimento da maioria social, como entendeu Karl Polanyi dizendo que a “...terra é um elemento da natureza inexplicavelmente entrelaçado com as instituições do homem. Isolá-la e com ela formar um mercado foi talvez o empreendimento mais fantástico dos nossos ancestrais” ... e continua, “...o trabalho é parte da vida, a terra continua sendo parte da natureza, a vida e a natureza formam um todo articulado. (...) por outro lado, um Grande Mercado é uma combinação de fatores da produção. Uma vez que esses fatores não se distingam dos elementos das instituições humanas, homem e natureza, pode-se ver claramente que a economia de mercado envolve uma sociedade cujas instituições estão subordinadas às exigências do mecanismo de mercado”.
  
No Brasil, citando Milton Santos, dos resultados de crescimento e desenvolvimento, de uma histórica ‘pseudoindustrialização’ nacional – frisamos que hoje, inexiste o Estado Nacional, sendo este substituído pelas Transnacionais; elas atuam também em políticas públicas que as favorecem... - a “produtividade que não pode ser atribuída a uma mudança da capacidade de utilização” local, no que tange ao campo, a cultura local que no passado mantinha índices de segurança alimentar e economia cooperativa em evolução, perdeu o protagonismo autóctone e “(...) a industrialização nem sempre é capaz de criar um ‘crescimento’ com ‘desenvolvimento’, mas apenas um ‘pseudodesenvolvimento’, devido à ausência de articulação local das atividades e da redistribuição regressiva da renda.” É mais do que urgente, para a saúde do ambiente e evolução de toda estrutura social e econômica, a inclusão nas pautas políticas municipais os diálogos sobre a mudança da estrutura agrária e uso do solo. O levante e agir da cidadania, deve unir ao grito da Terra.

O universo inteiro foi ou é utópico. Completa Polanyi: “A função econômica é apenas uma entre as muitas vitais da terra. Esta dá estabilidade à vida do homem; é o local da sua habitação, é a condição da sua segurança física (biológica e química, a bioquímica sana, complemento...), são as paisagens e as estações do ano (...) e, no entanto, separar a terra do homem e organizar a sociedade de forma tal a satisfazer as exigências de um mercado imobiliário foi parte vital do conceito utópico de uma economia de mercado, (...) o fato é que, qualquer que seja o caso, o sistema social e cultural da vida nativa (camponesa, e tradicional) tem de ser arrasada, antes de mais nada”. E foi o que aconteceu com os territórios caipiras brasileiros e Latinos Americanos com o avanço da Agricultura Industrial, domesticação promovida por banqueiros e empresas petrolíferas estrangeiras.

   Financiada por instituições de alto capital financeiro, sendo complexo ao entendimento cidadão das origens de sua riqueza opressora, pois muitos passarão a sofrer de uma violência estrutural quase imperceptível, por estarem amarrados a uma ideologia propagandística de mercado, não atentos ao consumo perdulário, produtos das chamadas “monoculturas da mente” (V. Shiva), que, e com o advento da agricultura moderna industrial, pós Segunda Guerra Mundial, levou a perda da biodiversidade e abafou milênios de saber da humanidade. Levado à esterilidade, “o exangue solo da Revolução Verde e Agronegócios”, como bem alertou sérios cientistas
ultrassociais, ao comparar o impacto da “agricultura industrial”, sendo este tão grave quanto a um grande meteoro atingindo a Terra e, reverter esse quadro passa pela consciência cidadã. 

Embora os cientistas e gestores mundiais continuam a incubar tecnologias, ignorando as desigualdades de seus semelhantes planetários, seus negócios lucrativos nas periferias do mundo onde riscos e benefícios é disfarce mercantil no ‘bal masque’ da ciência, “o que é revelado não exige que escolhamos entre planejamento inteligente e evolução, mas sim que reconheçamos um planejamento cocriativo para a evolução”, sendo que, para isso, uma outra universidade popular é necessária, não mais voltada a miopia política em tentar adaptar-se à nova Ordem e matriz tecnológica com gambiarras e remendos reducionistas, o que tem colocado profissionais, de tal maneira, em busca do ouro, ou caminho direto para os espirais de ilusões e desacordo social.

É por novos paradigmas que o mundo vem se unindo pela Ecologia, sempre em evolução, buscando um estado ideal do Ser, e nunca um ser ideal para o Estado, equilibrando dentro de cada self o Ter e o Ser diante do pensamento coletivo e consciência cósmica. Agroecologia popular camponesa, de povos tradicionais, florestais, orgânica e de biologia dinâmica, trata-se “de um novo ‘paradigma’ no sentido em que é entendido por Kuhn (1962), quando diz que as ciências não evoluem pelo acúmulo de experiências baseadas em realidades historicamente ultrapassadas, mas pela descoberta de novas formas de abordagem em função das realidades do presente” (SANTOS, 2008). Descortinar e redescobrir a saúde cultural do passado, ‘a felicidade da roça’, é dar um salto direto para o futuro na luz de tantos conhecimentos acumulados pela humanidade.  
  
      “A indústria de alimentos quer que ignoremos que, depois do sangue materno e seu leite só comemos sementes, a maior quantidade de energia na menor quantidade de matéria, por toda a vida. Sementes é o Sol transformado em alimento, diretamente nos seres vivos que realizam a fotossíntese ou indiretamente naqueles que aproveitam a energia contida na matéria orgânica através de microrganismos, bactérias, fungos e outros”. Nos anos 80, Pat Roy Mooney, denuncia os perigos da perda da biodiversidade e da concentração de capital e poder nas mãos das empresas de biotecnologia, principalmente das que produzem sementes. Essas denúncias tornaram mundialmente conhecidas através de seu livro O Escândalo das Sementes, dizia ele em sua palestra no Rio Grande do Sul no II Fórum Social Mundial, publicada em 2002: “Se introduzíssemos a diversidade perdida, faríamos muito mais pela fome no mundo”.

Garantir a possibilidade de construção do conhecimento, bem como, ampliar a consciência cidadã sobre os saberes agrícolas em espaços comunitários, intercomunicáveis urbano/rurais, espaços estes do respeito subjetivo do Saber empírico de cada ser, são iniciativas da agenda de biopolíticas mundiais cuja possibilidade do maior envolvimento das pessoas locais, em unir o pensamento coletivo, e melhor preparar municípios para os desafios da erradicação da pobreza e diminuição das desigualdades, do melhor acesso a saúde e educação, das transparências políticas, controle das contas públicas e políticas públicas de demanda cidadã no campo e cidade, sobrelevando temas importantes como a segurança social e alimentar, passa não só pela conservação da cultura comunitária e local das Sementes e da Saúde do solo, nosso segundo coração, mas também pelo pedido de respeito às invasões Institucionais, do limite aos avanços das Transnacionais, assim como uma maior consciência dos consumidores, diante das 'lágrimas do Sol' que os verdadeiramente põe os alimentos em suas mesas, harmoniza o corpo e salva a mente, para que assim, tão logo e urgente, possamos novamente sentir os perfumes das flores ao invés das carniças dos Agrotóxicos, para que assim e tão urgentemente possamos regenerar nossa espiritualidade junto ao espírito do primeiro coração: o Planeta Azul.          
   
Citações do texto:

- Saúde no Solo x Agronegócio, Sebastião Pinheiro. (2015)
- O Espaço Dividido, Milton Santos.
- A Grande Transformação, Karl Polanyi
- Agroecologia 7.0, Sebastião Pinheiro. (2017)
- O Escândalo das sementes, Pat Roy Mooney
- Guiar o Espírito na Investigação da Verdade, PANGEA pdf, Sebastião Pinheiro, Oliver Blanco. (2017)
- Cosmos, Ervin Laszlo e Jude Currivam
- Monoculturas da Mente, Vadana Shiva.

_INFORMAÇÕES ACESSE AQUI_

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