"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

domingo, 31 de outubro de 2010

31 de outubro - dia do nosso Saci-pererê


Saci
O Saci, ou Saci-pererê, é uma personagem bastante conhecida do folclore brasileiro, que teve sua origem presumida entre os indígenas da região das Missões, no Sul do país, por onde se espalhou em sua quase totalidade.

O Saci

A figura do Saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou gracioso, conforme as versões comuns ao sul.

Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de cachimbo, e da mitologia européia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário.

Representação

O Saci é um negro jovem de uma só perna, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe confere poderes mágicos. Sobre este último caractere é de notar-se que já na mitologia romana registrava Petrônio, no Satiricon, que o píleo conferia poderes ao íncubo e com recompensas a quem o capturasse.

Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assobios - bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; faz as cozinheiras queimarem as comidas; ou aos viajores se perderem nas estradas.
O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.

 Papel do mito


A função desta "divindade" era o controle, sabedoria, e manuseios de tudo que estava relacionado às plantas medicinais, como guardião das sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, mezinhas, beberagens e outros medicamentos feitos a partir de plantas.

Como suas qualidades eram as da farmacopéia, também era atribuído a ele o domínio das matas onde guardava estas ervas sagradas, e costumava confundir as pessoas que não pediam a ele a autorização para a coleta destas ervas.


O Saci na arte e literatura


O primeiro escritor a se voltar para a figura do Saci-Pererê foi Monteiro Lobato, que realizou uma pesquisa entre os leitores do jornal O Estado de São Paulo. Com o título de "Mitologia Brasílica - Inquérito sobre o Saci-Pererê", Lobato colheu respostas dos leitores do jornal que narravam as versões do mito, no ano de 1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra Saci-Pererê: resultado de um inquérito, primeiro livro do escritor. 

Com a transposição dos textos de Lobato para a Televisão, o Saci deixou o imaginário para ser personificado numa figura de carne e osso.

Existe um documentário sobre o Saci feito por Sylvio do Amaral Rocha e Rudá K. Andrade. Somos Todos Says refaz o caminho do Inquérito de Lobato e resignifica o mito hoje. Fruto de longa pesquisa em comunidades rurais, vilas e pequenas cidades do Vale do Paraíba, Vale da Ribeira e da região de Botucatu, o filme dá voz a pessoas que dizem ter visto ou ouvido sacis. Rudá e Sylvio ficaram um ano e meio na realização do projeto, reduzindo o material recolhido para 50 minutos. A pré-estréia de “Somos todos Sacys” ocorreu no MIS, em 27 de abril de 2005. Dois dias depois, foi exibido pela Rede STV (Sesc Senac). O Documentário está disponível na internet.

 Dia do Saci

Em 2005 foi instituído o Dia do Saci no Brasil, comemorado no dia 31 de outubro, a fim de restaurar as figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Halloween.









Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Saci

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Entrevista: Ana Maria Primavesi

"O combate à pobreza é básico e depende da recuperação ambiental e da Agroecologia"

Leandro Brixius, Jornalista da Emater/RS

Entrevista: Ana Maria Primavesi
Praticar a agricultura ecológica, como vem defendendo durante décadas, e continuar espalhando o conhecimento sobre a necessidade de compatibilizar agricultura com preservação ambiental são, atualmente, as principais ocupações da professora e pesquisadora Ana Maria Primavesi. Nascida em 1920, na Áustria, Ana Maria fala, desde a década de 40, em agricultura ecológica e, principalmente, sobre solos, como evidencia seu livro Manejo Ecológico do Solo, obra de referência sobre o tema em diversas universidades latino-americanas e européias. Hoje, além de pequena agricultora em Itaí, no interior de São Paulo, é pesquisadora da Fundação Mokiti Okada e realiza palestras em diversos países.

"Estou plantando minha terrinha, trabalho no conselho científico da fundação e, de resto, estou andando por toda a América Latina dando cursos", contou Ana Maria Primavesi nesta entrevista à Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, realizada durante sua participação como palestrante no III Seminário Internacional sobre Agroecologia, realizado em setembro, em Porto Alegre. Além disso, fala sobre a diferença entre agricultura ecológica e orgânica, transgênicos, reforma agrária e, é claro, manejo do solo.

Revista - A Sra. começou a falar em agricultura ecológica já na década de 40, numa época em que não se falava em cuidados com a preservação do meio ambiente. Como foi esse início?

Ana Maria - Eu ainda vivia numa época em que a agricultura química praticamente não existia. A gente sabia que existiam os adubos químicos, pois as pessoas, em 1942, 1943, já reclamavam dos efeitos, não queriam mais comer os produtos com adubos químicos porque não tinham gosto. Os alimentos eram muito bonitos, mas não tinham sabor.
As firmas, nessa época, diziam que era imaginação das pessoas. Quem queria botava, quem não queria, não botava. Nos anos 60, começou a campanha da Revolução Verde, que aconteceu quando as firmas americanas estavam indo à falência e precisaram procurar desesperadamente uma solução. Então o mister Borlaug (Norman Borlaug, um dos precursores da Revolução Verde), disse que a solução era justamente abrir a agricultura para a indústria química e mecânica. Então, eles obrigaram as pessoas a fazer monocultura. No Brasil, não existia monocultura, a não ser de cana-de-açúcar. Com a monocultura, começaram os problemas das doenças e era preciso colocar veneno.
Uma avalanche em que um arrastava o outro. O adubo químico, basicamente, é formado por três elementos e a planta necessita de 45. Aí está o grande problema. Com esses três elementos, a planta está mal nutrida, subalimentada. Com isso, começaram todas as doenças e o decorrente uso dos pesticidas. Como cada pesticida está baseado em algum mineral, induzia a uma deficiência de minerais que estavam em proporção com esse e então foi uma avalanche cada vez pior.

Revista - O que é o manejo ecológico do solo?

Ana Maria - No manejo ecológico do solo, você tem que ter duas coisas: não virar a terra mais profundamente do que ela suporta (15 centímetros) e colocar a matéria orgânica sempre na parte superficial para ter uma decomposição aeróbica. Com isso, você melhora o solo incrivelmente. Na Argentina, há dez anos trabalha-se com agricultura orgânica. Eles enterram a matéria orgânica até 40 centímetros e a terra está dura. Por quê? Porque esse negócio não dá certo. Primeiro, eles destroem a estrutura do solo, a terra se assenta, não tem poros, não cria nada, nem fixa nitrogênio. Então, é um fracasso total. E ainda custa caro!

Revista - Como a Sra. vê, atualmente, o manejo dos solos?

Ana Maria - No momento, está completamente errado, pois pega-se o manejo utilizado pelos americanos e aplica-se aqui no Brasil. Por exemplo, o potássio. Abaixo de 15ºC, o potássio não é absorvido. Cálcio, com terra fria, é cinco vezes menos absorvido que em terra quente. Então, eles (os agricultores americanos) necessitam um solo super rico para a planta absorver alguma coisa. Para nós, não. Então, eles mantêm o solo limpo com herbicida e capina para captar calor, porque o máximo que o solo consegue captar é 14ºC. Aqui não, aqui vai mais. Eu medi 74ºC, e um professor que trabalha na África mediu 83ºC. Então, há uma diferencinha. E, a partir de 32ºC, a planta já não absorve mais. Água quente ela não absorve. E nosso problema é que a matéria orgânica que é colocada tem que servir à planta e não à máquina que estão importando.

Revista - Por que as remoções profundas não são indicadas para os solos tropicais?

Ana Maria - Nos trópicos, 80% dos microorganismos encontrados no solo são fungos, que produzem enorme quantidade de antibióticos e têm sua vida inibida abaixo de 15 centímetros. Antigamente, quando trabalhavam com aradinho de boi ou de burro, a lavração não ia abaixo de 12 ou 15 centímetros e a terra se mantinha mais ou menos na parte superficial. Agora, com arado de tração mecânica, pode-se entrar de 30 a 40 centímetros, virar a parte morta para cima, que é desmanchada pela chuva, entra solo e entope os poros. E aí a terra fica dura, compactada. Todos me perguntam o que fazer contra a compactação. No trópico não se pode fazer aração profunda de jeito nenhum. Tem que ser rasa porque a terra abaixo está morta. Na América do Norte não, lá a terra está viva até abaixo de 30 centímetros. Nos Estados Unidos ainda há agregação por congelação, que não existe aqui.

Revista - O plantio direto é colocado, muitas vezes, como uma solução para o manejo dos solos. Qual a sua opinião?

Ana Maria - Plantio direto tem vantagens e desvantagens. E a grande vantagem, que vi na única região que conheço onde o plantio direto é 100% certo, os campos gerais do Paraná, os produtores conseguem uma camada de seis ou sete centímetros de palha acima do solo. Nas outras regiões, onde plantam monoculturas de soja, eles têm no máximo 1,5 centímetros, o suficiente para proteger o solo contra a erosão. É uma grande vantagem. Do outro lado, a pressão da máquina é horrível. No plantio direto, a máquina é até cinco vezes mais pesada que a de plantio normal e, então, a compactação é violenta.

O segundo problema é que, no plantio direto, a rotação de culturas é necessária, pois do contrário aumentam as pragas. E não só aumentam, mas elas mudam também. Praga das folhas passa a ser praga da raiz. Então há uma enorme quantidade de pragas que agora atacam a raiz. Se eu sei a deficiência que há não tem problema, eu vou colocar nutriente e a praga desaparece. Se eu não sei, o combate é muito complicado, porque com veneno não se atinge. Então, o que fazem? Colocam o veneno já na linha de plantio. Então, a planta está muito mais venenosa que com o cultivo normal.

Revista - Lutzenberger falava em agricultura regenerativa. Outros falam em agricultura orgânica. A Sra. refere-se a agricultura ecológica. A Sra. poderia abordar essa escolha e relacionar as diferenças entre agricultura ecológica e orgânica?

Ana Maria - É completamente diferente. Na orgânica, você trabalha pelas normas e as normas não fazem nada mais do que trocar um agente químico por um orgânico. Em lugar de, por exemplo, pegar adubo químico, você usa agora composto e, obrigatoriamente, faz composto. Em lugar de algum defensivo químico você usa um caldinho. Mas os caldinhos também podem ser tóxicos, também podem ter efeitos colaterais. Sempre há minerais dentro. Eu não posso usar todos os dias. Então, o grande erro da agricultura orgânica é que, primeiro, continua com toda a visão factorial, fator por fator, continua combatendo em lugar de evitar. No final, a melhora que se consegue é muito pouca. Se produz mal porque não se sabe onde colocar a matéria orgânica, a produção, normalmente, é miserável. Então, eu não vejo muita vantagem com esse tipo de agricultura. A não ser que é muito mais trabalhoso e o agricultor é muito mais sacrificado. 

Agora, na ecológica, eu vejo o inteiro. Então, eu vejo porque apareceu o sintoma. Eu não digo só “ah, tem um sintoma aqui, vamos combater”. Não, pergunto primeiro o por quê? Em minha propriedade, eu plantei milho e houve infestação da lagarta-do-cartucho. A lagarta-do-cartucho é muito difícil de combater porque, se não tem aviação agrícola, não é possível pulverizar com bomba normal, já que o defensivo tem que entrar por cima. Mas eu não pergunto como combater essa lagarta, mas por que apareceu essa lagarta. E a lagarta só ataca porque o milho está deficiente em boro, então eu coloco cinco, no máximo oito quilos de bórax por hectare e pronto. Não tem lagarta-docartucho porque quando tem boro, não aparece mais, não consegue comer o broto.

Revista - Quais são os desafios que se enfrenta hoje para alcançar uma agricultura socialmente justa e ecologicamente correta?

Ana Maria - Primeiro, nós precisamos de fato uma reforma agrária, mas não uma reforma agrária como está sendo feita hoje. Por exemplo, no Paraguai, é dada a melhor terra para o assentado e não a pior. Aqui no Brasil, é só terra marginal. E segundo, eu não posso simplesmente assentar qualquer pessoa. Reforma agrária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina funciona, porque são assentados ex-agricultores. Mas, se eles já per deram uma vez sua terra, vão perder outra vez, porque a tecnologia que eles têm não presta. Então, eu teria que ter uma assistência técnica muito boa para mostrar como fazer para não perder novamente a terra. O terceiro ponto é que eu não posso simplesmente assentar como eles fizeram na Bolívia, onde retalharam a terra e cada um recebe meio hectare. Meio hectare não dá para uma família viver normalmente. Então, já não é reforma agrária, é criação de miséria. No Nordeste, por exemplo, o governo dá um pedaço de terra e uma cabra. É muito bom, não?! Mas a cabra acaba com tudo, não deixa mais nada e forma deserto. Não é uma solução! O que ocorre com o homem que tem uma cabra? Ele pega sua terra e planta. Mas ele já tem um nível de pobreza em que não produz mais, só quer comer. Está tão faminto que não pensa mais em produzir, só em comer. Além disso, o agricultor realiza queimadas cinco vezes por ano. A terra, depois de cada queimada, está pior, mais dura, menos produtiva. No fim, crescem só umas coisinhas duras, que nem sustentam a cabra. Então, pela miséria aumenta a pobreza e pela pobreza aumenta a miséria. Por exemplo, o governo dá uma cesta básica de alimentos para os pobres. Mas isso não é solução, porque o homem, com isso, fica degradado de pobre para mendigo. Ele não era mendigo antes, ele quer trabalhar. O governo não sabe o que fazer porque não quer contrariar os ricos que tem lá na região. Por isso, acha mais fácil dar uma cesta básica para cada um e não entrar mais profundamente no problema. Tem que ver que a pobreza não se combate com esmola! Eu tenho que ensinar o povo a trabalhar sua terra, mas ele tem que ter a possibilidade de fazer isso. Não posso simplesmente comprar cinco mil cabras e soltar pelo Nordeste.

Revista - É possível obter maior produtividade e também preservar o meio ambiente?

Ana Maria - Se você não preserva o meio ambiente, a produção sempre vai ser baixa. Nós temos uma série de dados que mostram que, em uma região descampada, mas com suficiente chuva ou irrigação, a colheita baixa até a metade do que poderia ser normalmente somente pela ação do vento. Em uma época de seca, a colheita pode ser reduzida em até cinco vezes. Isso quer dizer que, se há metade da área florestada é possível colher idêntica quantidade que é colhida hoje no dobro da área que sofre com a ação dos ventos. Então, quando dizem que não pode ter Agroecologia, não pode fazer recuperação do ambiente, porque precisam de toda a área para plantar, tudo bem, mas colhem tanto menos que não resolve o caso. E afora isso, pode-se implantar, nesse mato, árvores que produzam. Por exemplo, se tiram toda a Mata Amazônica para plantar soja e depois colher uma miséria, poderiam enriquecer o mato com cajueiro, castanheiro e outras plantas. Um estudo do governo do Acre constatou que enriquecer a mata dá 13 vezes mais lucro do que transformar em pastagens ou lavouras de soja. Então, por que não fazem? Porque os americanos querem vender as porcarias deles.

Revista - Qual sua opinião sobre a concessão de subsídios públicos para a agricultura?

Ana Maria - Antigamente, a agricultura financiava a indústria e mantinha o Estado. Ela funcionava. Hoje, a agricultura depende de créditos e está sempre endividada e quase quebrando. Então, talvez a agricultura precise do recurso público para se recuperar, porque ela está completamente estragada pela tão famosa Revolução Verde. Mas, através da Agroecologia pode-se produzir tanto que a agricultura pode ser forte de novo. Eu não quero explorar, eu quero colocar a agricultura saudável de novo na região! Sem a recuperação do meio ambiente a agricultura não funciona bem. Sem recuperar o meio ambiente e sem agricultura você não vai combater a pobreza e outra vez a pobreza destrói. Você não pode dizer: “para mim não interessa, porque eu vou ter o suficiente para comer”. Se não tem água, ninguém come. Você não pode comer seu dinheiro. Sem água não tem o que beber e nada para plantar e então acaba tudo. Então o combate à pobreza é básico e tem que ser feito ao mesmo tempo que você faz a recuperação do ambiente e uma agricultura baseada na Agroecologia.

Agroecol. e Desenvol. Rur. Sustent. Porto Alegre, v.3, n.4, out/dez 2002




A pecuária de corte brasileira e o aquecimento global por Odo Primavesi


A pecuária de corte brasileira e o aquecimento global por Odo Primavesi – Embrapa Pecuária Sudeste.

                O texto a baixo é uma síntese da entrevista de Odo Primavesi cedida a BeefPoint. No texto são frisadas as principais práticas sobre as mudanças que devem ser realizadas no ambiente de produção da pecuária. O Engenheiro Agrônomo Odo, também, visualiza com sabedoria sobre nossas práticas agropecuárias atuais e discursa com uma visão holística a postura que os pecuaristas devem adquirir com as mudanças climáticas e comerciais do Brasil.
Produção de CO2: os valores gerais elevados advém do fato de serem incluídos num mesmo pacote de conclusões os sistemas de produção de todas as espécies animais, não somente dentro da porteira, mas na cadeia produtiva, incluindo o transporte, com os consumos de energia fóssil.
Entendendo que a preocupação é sobre que rumo deve tomar nossa pecuária, especificamente a de corte, e acreditamos que seja interessante localizar o leitor no que realmente está pegando e que poderá ser utilizado para limitar nossas exportações, sabendo-se que na realidade algumas práticas de manejo tradicionais devem ser abandonadas porque prejudicam o ambiente e a produtividade do sistema de produção.
Então vejamos alguns fundamentos para que melhor possam perceber e avaliar a situação, talvez até tendo condições de sugerir soluções criativas:

a) a infra-estrutura natural essencial, o hardware para rodar os sistemas produtivos, como a pecuária de corte, é composta de água residente (recarregada pelas chuvas: lençol freático, serapilheira e vegetação), em solo permeável, protegido e mantido permeável por vegetação permanente e diversificada (em tripla camada protetora: dossel ou copas, restos vegetais ou serapilheira, e trama radicular que mantém solo permeável).
O solo de uma pastagem de capim-braquiária, de baixa fertilidade e compactado, volta a ser permeável com descanso de 18 meses. Quando a pastagem é estimulada com uso de fertilizantes, retorno de material orgânico na superfície do solo e pastejo rotacionado, um descanso de 35 dias é suficiente para manter o mesmo solo permeável.

b) os serviços ambientais essenciais, o sistema operacional, necessário para rodar os sistemas produtivos, são: água das chuvas armazenada no lençol freático (abastece as plantas, as nascentes e os poços), a atenuação e manutenção de uma variação térmica pequena, com proteção do solo contra aquecimento excessivo (com temperaturas acima de 33oC plantas não absorvem água nem nutrientes), e a manutenção da umidade relativa do ar, por meio da cobertura vegetal permanente vaporizadora hidrotermorreguladora (vaporizam de 4 a 10 vezes mais água para umidificar o ar que um corpo de água de mesma superfície; a substituição de uma floresta por uma represa em geral aumenta períodos de baixa umidade relativa do ar), que evita que as plantas de interesse (cultivos e pastagens) sofram de transpiração excessiva, murchem as folhas e parem de fazer fotossíntese, resultando em perdas de produção.
As árvores são estratégicas para permitir o máximo de acúmulo de energia solar por unidade de área (de 120 a 360 t/ha de matéria seca; o que eqüivale a um acúmulo de gás carbônico de 240 a 720 t/ha). Se quisermos considerar também por unidade de tempo, não tem quem possa competir com as gramíneas tropicais, como o capim-elefante e a cana-de-açúcar (em torno de 50 a 70 t/ha/ano de matéria seca; ou 100 a 140 t/ha/ano de gás carbônico), comparado com eucalipto, árvore de rápido desenvolvimento, que produz em torno de 20 t/ha/ano (40 t/ha/ano de gás carbônico).
Superfícies densas e secas esquentam mais ao sol e esfriam mais à noite. O aquecimento é seguido pela queda na umidade relativa do ar, se não houver estrutura vaporizadora no local. Assim lavouras e pastagens quando tem o solo exposto, e nenhum elemento vaporizador (bosque, faixa de árvores, matas ciliares, reservas legais, quebra-vento etc.) são como "forninhos" que irradiam grandes quantidades de calor (infravermelho) que vai ser retido pela camada de gases de efeito estufa, e irradiado de volta para a Terra, gerando o aquecimento global.

Confinar o animal: em princípio os bovinos são péssimos conversores de grãos, devendo ser evitado o sistema de confinamento no estilo norte-americano.

Quais são as boas práticas agropecuárias que deveriam ser adotadas pelos pecuaristas brasileiros, visando minimizar os efeitos da pecuária no aquecimento global?

a) reter o máximo de água das chuvas, manter o solo permeável e arejado, o que só é possível quando permanentemente vegetado, com abundante retorno de material orgânico à superfície do solo. Assim, sobre-pastejo e queimadas devem ser evitados;
b) evitar solo exposto e áreas que gerem calor;
c) manter ou restabelecer estruturas vaporizadoras permanentes e que ainda podem quebrar ventos e fornecer sombra. O restabelecimento de matas ciliares e reservas legais seria o começo mais lógico. Quebra-ventos, sombras e bosques vaporizadores distribuídos estrategicamente;
d) evitar o manejo que favoreça a degradação de pastagens (necessitando derrubar matas para se conseguir novas áreas), nem que isso seja "necessário para ter lucro" na atividade. Esse argumento está chegando ao fim. Vai haver boicote para produtos originados nesse tipo de sistema de produção não sustentável e agressivo à vida. Realizando as boas práticas de manejo, atendendo aos princípios ecológicos, com muita água das chuvas armazenada e temperatura atenuada, o lucro é certo, pois a forragem deve ser abundante por mais tempo, já que os períodos secos devem ser mais curtos;
e) manejar as pastagens, de modo a se ter forragem nutritiva e se evitar sua degradação, evitando períodos de fome no rebanho. Deve-se aproveitar o potencial de produção de biomassa das forrageiras tropicais bem manejadas, como os Panicum, Pennisetum, Cynodon, Saccharum ou mesmo braquiárias mais produtivas. Evitar pastagem com proteína bruta inferior a 7%, evitar materiais muito fibrosos (a cana despalhada é exceção surpresa quando adequadamente corrigida).
Pode-se estimular a ingestão da forragem corrigindo com sal proteinado, uréia ou com concentrado. Porém, para condições de oferta de alimento de melhor qualidade, necessita-se gerar animais com potencial de produção maior do que os animais selecionados para situações de estresse ambiental.

O aumento da temperatura: ocorrerá queda na produção de culturas que dependem da florada para produzir, em 11% a cada 1ºC a mais acima da temperatura ótima da cultura. As plantas que não dependem de fase reprodutiva, como as árvores, as gramíneas (pastagens, cana), em princípio devem ter sua produtividade aumentada, desde que haja água disponível no solo (procurar trabalhar com escoamento zero de água das chuvas), assim, Odo diz para explorar mais o potencial de gramíneas e de árvores, os sistemas silvipastoris, e evitar ao máximo as queimadas. Com as mudanças climáticas e o aumento das áreas degradadas estão ocorrendo maiores amplitudes térmicas, com maior freqüência e intensidade de ondas de calor e de frio. 

Manejo do pasto: O "olho do dono" engordava o boi! Atualmente as cercas, e a falta de olho do dono para ver que está faltando pastagem é que constitui o grande problema ambiental. Necessita haver uma infra-estrutura natural mínima para rodar os serviços ambientais essenciais (especialmente atenuação das amplitudes térmicas e manutenção de água no solo e umidade no ar) para o sucesso dos sistemas produtivos. Pastagens melhor manejadas, talvez lançando mão do auxílio de pelo menos um técnico agrícola treinado para fazer o papel de "olho do dono", e ao final uma terminação mais acelerada com cana e concentrado seja uma solução, evitando que animais fiquem naquele ciclo de perdas de peso, quando por economia ou por falta de mão-de-obra treinada ou de tempo em se manter uma pastagem melhor manejada ou um talhão de cana ou um banco de proteínas arbustivos ou arbóreos para o período seco do ano, se alimenta os animais inclusive com seu próprio "filé-mignon". Isso é um absurdo que deve ser evitado, pois afeta o ambiente, aumentando a carga de metano emitido por quilograma de carne produzida ao final. Os animais também perdem muita energia quando necessita realizar grandes caminhadas ao longo do dia para encontrar água e forragem, o que atrasa seu desenvolvimento e dá prejuízo.

Evitar teor de proteína bruta na forragem menor que 7%. De preferência fornecer forragem mais tenra, com menos fibra. O manejo adequado de forrageiras tropicais permite isso. 

Além de opções de inclusão de forrageiras nobres como aveia em sobre-semeadura (em pastagens irrigadas) e alfafa na dieta, em situações específicas, e quando se tem um sistema de produção muito bem controlado, conduzido, com animais (genética) que também respondem à essa melhor qualidade da forragem, com rebanhos selecionados para ambientes com menos estresse alimentar ou de animais em cruzamento industrial, mais produtivos.

A qualidade da dieta se obtém com uso de forrageiras menos fibrosas. Manejadas para serem pastejadas num estádio vegetativo mais adequado, ou incluindo forrageiras de qualidade, ou incluindo sal proteinado em pasto vedado, ou usando um pouco de concentrado para corrigir a qualidade, por exemplo, da cana-de-açúcar despalhada e picada, ou como leguminosas.

Profissionalismo: o problema dos bovinos não é somente o metano, com o qual nosso rebanho brasileiro contribui com somente 2% do metano total global produzido por atividades humanas, ou 10% do metano ruminal global. Mas as perdas de energia em prolongadas caminhadas para encontrar forragem e água, e os períodos de restrição de forragem por falta de água, com perdas de peso, e que aumenta o metano emitido por quilograma de carne. 

Realizar as boas práticas de manejo, utilizando todas as informações e tecnologias essenciais de maneira integrada e na seqüência correta, que realmente exige maior controle de manejo dos recursos naturais e dos insumos, maior empenho em administração rural e controle zootécnico e econômico, com mínimo ou sem impactos sociais e ambientais.

Cuidar melhor do capital natural. E neste capital natural está incluído o uso estratégico de estruturas vaporizadoras hidrotermorreguladoras, as árvores, na forma de matas ciliares, renques quebra-ventos, bosques, reservas legais, sombras. Armazenar água de chuvas e reduzir as perdas por aumentos de temperatura por causa de solo não protegido e compactado, e que pode ser evitado, é o segredo do sucesso. Controlar água e temperatura, e a qualidade do alimento.

Assim, o pecado capital da pecuária bovina extensiva brasileira é o amadorismo inconseqüente e perdulário, com destruição do capital natural e dos serviços ambientais essenciais. É interessante perguntar por que o Brasil necessita de 190 milhões de hectares de pastagens para manter seu rebanho bovino, contra os 80 milhões de lavouras, e na Índia, com rebanho bovino maior, existem somente 15 milhões de hectares de pastagens, e 140 milhões de hectares de lavouras? Nossa lotação média nacional é de 0,6 UA/ha, e se for dobrada, para 1,2 UA/ha com a integração lavoura-pecuária, por exemplo, reduz-se a necessidade de área sob pastagem para a metade, 95 milhões de hectares. 

Os pecuaristas que conseguirem manejar pastagens sem eliminar todas as estruturas arbóreas estratégicas, ou que conseguirem restabelecer estas estruturas a partir das matas ciliares (tem garantia de água disponível) utilizando espécies de desenvolvimento relativamente rápido, como as de leguminosas fixadoras de nitrogênio (e inoculadas com micorrizas quando solo for pobre em fósforo), e que permitirem o retorno adequado de material orgânico (sem queimar palhadas) para a superfície do solo, protegendo-o contra impactos da radiação solar e das chuvas tropicais, terá mais chances de sucesso em seus sistemas produtivos. Lembrem-se: resumindo tudo, garantir água no solo e no ar, forragem de boa qualidade e controlar a temperatura é o fundamento do sucesso.

Resumo: Oliver Blanco

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SIR ALBERT HOWARD


          Há quase 100 anos, na década de 1930, Sir Albert Howard, com a segurança dos sábios e a perspicácia dos gênios, previu as conseqüências nefastas para o meio ambiente, hoje inquestionáveis, do agranegócio. Howard mostrou os equívocos dos métodos da pesquisa agrícola ocidental e fez um amálgama magistral do conhecimento camponês ancestral com o saber científico da época. Propôs uma conduta para a produção vegetal e para a produção animal que, se fosse seguida, seguramente evitaria a maioria dos problemas ambientais enfrentados pela humanidade, pois o fundamento central de suas posições científicas é o incremento do húmus no solo, já que a matéria orgânica é o principal armazém terrestre de CO2, que é, por sua vez, sabidamente um dos maiores agentes de contaminação do ar.

          É neste quadro preocupante que a Editora Expressão Popular, muito oportunamente, coloca esse texto à disposição dos cientistas, professores, técnicos e agricultores. Aqui, Howard, de forma didática e em linguagem acessível, reproduz toda a sua experiência e mostra o caminho da verdadeira agroecologia, com o indispensável incremento da fertilidade do solo através de processos naturais, de acordo com a mãe natureza, como ele gostava de se referir.

          Um Testamento Agrícola é leitura obrigatória a todos – professores, técnicos, estudantes, produtores – que se preocupam com a qualidade dos alimentos, das plantas, dos animais, do solo e, finalmente, da vida humana.

Preço: R$ 15,00

1° Edição


          "A ciência tem sido chamada para auxiliar a produção. Outra característica da agricultura do Ocidente é o desenvolvimento da ciência agrícola. Esforços tem sido feitos no sentido de que diversas ciências separadas possam estudar os problemas da agricultura e assim incrementar a produção do solo. Isto levou à fundação de numerosas estações de pesquisas, as quais, anualmente, produzem um grande volume de conselhos e informações técnicas, na forma de publicações. Essas idéias apressadas de agricultura, sem dúvida fracassaram; a mãe terra privada de sua fertilização natural está em revolta; a terra está entrando em pane; a fertilidade do solo está em declínio."

          Podemos sim ter uma coexistência de sistema agrícolas e até triplicarmos nosso superavit no balancete econonômico anual, quando enfim, decidirmos: tirar das mãos dos estrangeiros o domínio econômico sobre nossa agricultura; passar realmente um pente fino fiscal na conduta sistemática das práticas agrícolas voltada à produção de comodities; parcelarmos os Latifúndios, com um objetivo primeiro: reduzir as externalidades ambientais ("se fossem, como deveriam ser, incorporadas aos custos de produção, produziria a falência da agricultura convencional") cuja ideologia o camufla ("Agronegócio, sua vida depende dele"). - Que nada, depende porra nenhuma! Assim, Albert "...vislumbrou, há quase um século, a catástrofe do agronegócio, através da destruição do húmus,..."  O húmus foi para Howard elemento essencial ao solo e aos seus estudos práticos. Com a palavra: 


          " Por outro lado, a facilidade com que os produtos químicos podem ser utilizados, fez com que se abandonasse o emprego necessário dos resíduos naturais. Se um substituto barato para o húmus existe, por que não utilizá-lo? A resposta a esta pergunta é feita de duas formas. Em primeiro lugar, os produtos químicos nunca serão um substituto do húmus porque a natureza ordena que o solo deve ser vivo e que a micorrizza deve ser um elo essencial na nutrição das plantas. Em segundo lugar, o uso de tal substituto não pode ser barato, pois a fertilidade do solo - um dos fatores mais importantes na vida de um país - se perdeu; porque as plantas artificiais, os animais artificiais e os homens artificiais não são saudáveis; e a nutrição artificial torna indispensável proteger esses seres contra parasitas, mediante o uso de pulverizadores e venenos, vacinas e soros e um sistema caríssimo de remédios específicos, médicos, hospitais etc. Uma vez que nos resolvemos a contemplar o conjunto financeiro da produção agrícola com os distintos serviços sociais criados para reparar os danos causados por métodos agrícolas equivocados (externalidades ambientais)  e uma vez que se tenha presente que nossa maior riqueza é uma população sã e vigorosa, a propaganda sobre a economia e as facilidades dos adubos químicos reduzir-se-á as suas verdadeiras proporções. No futuro os fertilizantes químicos serão considerados uma das maiores loucuras da época industrial, e os ensinamentos dos economistas agrícolas desse período serão tidos como superficiais."

          Sente a pegada do Sir Albert Howard! Clarividente em suas observações técnicas. Um intelectual da pureza harmônica do sistema agrícola voltado a vida. Isso tudo, escrito em 1943!  No Brasil, os ideólogos do AGRONEGÓCIO, insistentes gananciosos, achar que podem continuar  enganando com o falso desenvolvimento rumo a decadência de nossos solos, provocará, num futuro próximo, a abertura para uma possível entrada aos "anos de miséria". Nossas vidas não dependem do Latifúndio...e sim das FAMÍLIAS QUE VIVEM NO CAMPO.

         Howard nunca esteve tão atual. 

Oliver Blanco

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Chega a época de PEQUI

Quando começa a aparecer o vendedor de Pequi nas ruas...aproveite! 14 . 10 . 2010 Ribeirão Preto


           O pequi é uma fruta nativa do cerrado brasileiro, muito utilizada na cozinha nordestina, do centro-oeste e norte de Minas Gerais.

           O pequizeiro é uma arvore protegida por lei que impede seu corte e comercialização em todo o território nacional.

           A árvore do pequí atinge geralmente 10 metros de altura, tronco com ramos grossos, normalmente tortuosos, de casca áspera e rugosa de cor castanha acinzentada. Folhas pilosas, recobertas com pelos curtos, compostas, formadas por três folíolos com as bordas recortadas, tendo as nervuras bem marcadas. Suas folhas, ricas em tanino, fornecem substância tintorial, usadas pelas tecelãs. Grandes flores brancas-amareladas, vistosas e bastante decorativos. As flores, de até 8 cm de diâmetro, são hermafroditas. O pequizeiro floresce durante os meses de agosto a novembro. Fruto tipo drupa, arredondado, casca esverdeada, como um abacate pequeno, só que mais rechonchudinho. O fruto, do tamanho de uma pequena laranja, está maduro quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada, amolece. Polpa de coloração amarela intensa que envolve uma semente dura, formada por grande quantidade de pequenos espinhos. Seu caroço é dotado de muitos espinhos, e há necessidade de muito cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas. Frutificação de novembro a fevereiro. Altamente calórico, perfumado, assim como o gosto meio adocicado, é usado como condimento. O fruto do pequizeiro é rico em Vit. A e C, principalmente. Sua polpa contém uma boa quantidade de óleo comestível, sendo muito rica em vitamina A e proteínas.
 
           Os frutos são muito usados para se cozinhar com arroz ou outros pratos salgados, das mais variadas formas: cozido, no arroz, no frango, com macarrão, com peixe, com carnes, no leite, e na forma de um dos mais apreciados licores de Goiás. Seu grande atrativo, além do sabor, são os cristais que forma na garrafa, que dizem, são afrodisíacos.

           A amêndoa ou castanha é comestível e muito saborosa. É utilizada na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes, usado para fortalecer a pele.

          O óleo da polpa tem efeito tonificante, sendo usado contra bronquites, gripes, resfriados e controle de tumores. O chá das folhas é tido como regulador menstrual, combatendo também enfermidades dos rins e bexiga. O pequi deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres.

           Deve ser levado a boca para então ser "raspado" - cuidadosamente - com os dentes, até que a parte amarela comece a ficar esbranquiçada e parar antes que os espinhos possam ser vistos.

           Jamais atire os caroços ao chão: eles secam rápido e os espinhos podem se soltar.

           A castanha existente dentro do caroço é muito saborosa; para comê-la, basta deixar os caroços secarem por uns dois dias e depois torrá-los.
 
           A raiz é tóxica e, quando macerada, serve para matar peixes. Sua madeira é de ótima qualidade, alta resistência e boa durabilidade. A madeira fornece dormentes, postes, peças para carro-de-boi, construção naval e civil e obras de arte. Suas cinzas produzem potassa utilizada no preparo de sabões caseiros. A casca fornece tinta, de cor acastanhada, utilizada pelos artesãos no tingimento de algodão e lã. É também conhecido como piqui, piquiá, pequerim, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, suarí. A palavra pequi, na língua indígena, significa "casca espinhosa".


          Culinária do PEQUI:


Frango com Pequi

Ingredientes: Um quilo de frango, cebolinha picada, doze pequis.  
Modo de fazer: Corte o frango em pedaços, tempere com alho e sal e refogue. Deixe grelhar um pouco e, a seguir, acrescente os pequis e a cebolinha, cubra com água e cozinhe por cerca de 20 minutos. Sirva quente. Para acompanhar, arroz branco.
 
Arroz de Pequi
 
Arroz com Pequi - é o prato típico do Goiás, onde o fruto também é tradicionalmente preparado em gordas e saborosas galinhadas.
Ingredientes:
1/4 de xícara de chá de óleo ou banha de porco
1/2 litro de pequi lavado
2 dentes de alho espremidos
1 cebola grande picada
2 xícaras de chá de arroz
4 xícaras de chá de água quente
Sal a gosto
Pimenta-de-cheiro ou Malagueta a gosto
Salsinha, cebolinha picada a gosto

Modo de Preparo: Coloque o pequi no óleo ou gordura fria (se usar o fruto inteiro, não é preciso cortar, mas cuidado com o caroço). Acrescente o alho e a cebola e deixe refogar em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau para não grudar na panela, e respingue um pouco de água quando for necessário. Quando o pequi já estiver macio e a água secado, acrescente o arroz e deixe fritar um pouco. Junte a água e o sal. Quando o arroz estiver quase pronto, coloque a pimenta-de-cheiro ou malagueta a gosto. Na hora de servir, polvilhe o arroz com salsa e cebolinha e um pouco de pimenta. 

Observações: Para esta receita, não utilize panela de ferro, pois a fruta fica preta. Cuidado! Se você morder o caroço, ficará com a boca cheia de espinhos. O jeito certo de comer o pequi é roendo. 

Dica: Para acompanhar, carne-de-sol frita ou assada no espeto sobre brasas.

          Medicina do PEQUI:

O Pequi também ameniza o tratamento de câncer

           Pesquisadores da UnB mostram que fruto ameniza ação degenerativa de drogas do tratamento da doença Há quem não goste, mas quem não dispensa o pequi, um dos mais tradicionais ingredientes da culinária goiana, tem agora mais motivos ainda para consumi-lo. 
          O fruto típico do Cerrado tem propriedades que o indicam como coadjuvante eficiente no tratamento de câncer e, ainda, para o retardamento da velhice. Os dados foram levantados em pesquisa coordenada pelo professor César Koppe Grisólia, do Laboratório de Genética do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB). A pesquisa concluiu que o pequi é capaz de proteger as células dos efeitos colaterais das drogas usadas no tratamento de câncer, que costumam ser muito violentos. 
           Os testes realizados em camundongos submetidos a uma combinação de substâncias como ciclofosfamida e blomicina, usadas no tratamento de pacientes com câncer, revelaram que o pequi exerceu efeito protetor contra os danos causados às células pela combinação das drogas. “Verificamos que o pequi amenizou a ação degenerativa das substâncias”, informou Grisólia, que ministrou o extrato do fruto uma vez ao dia às cobaias. 
           A idéia de investigar as propriedades do pequi veio com a descoberta de que ele era rico em vitaminas A, C e E. Outro benefício do consumo do fruto detectado pelos pesquisadores é que ele retarda a ação dos chamados radicais livres, moléculas que se formam no organismo humano e provocam reação danosa às células. Essas substâncias podem levar à formação de tumores, ao surgimento de doenças cardiovasculares e ao envelhecimento. Grisólia afirma que essa pesquisa é a primeira de uma série que ainda está por vir. “Ainda não foram feitos estudos em humanos e não sabemos qual o índice da proteção”, explica o professor. Ele salienta que o maior mérito da pesquisa é chamar a atenção para a necessidade de preservação do Cerrado, que está sendo destruído pela expansão da fronteira agrícola e, no caso do pequi, para o aproveitamento de sua madeira pela indústria carvoeira. 
           “O pequi em pé é mais importante do que transformado em carvão”, ressalta Grisólia. O professor diz ainda que é provável que outras frutos do Cerrado, de cor amarela e também ricos em caroteno, tenham o mesmo potencial.
 

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